sexta-feira, 4 de março de 2011

O reino burocrata do nada pode

Lá se vai o tempo em que a frase “é proibido proibir” estampava os muros das grandes cidades brasileiras. Hino da juventude que lutava contra o Regime Militar implantado no Brasil em 64 a música “é proibido proibir”, de Caetano Veloso também não parece oferecer mais nenhum sentido no começo desta segunda década do século XXI. “É proibido proibir” que também foi lema em terras francesas naquele maio 1968 histórico, onde pareciam ressoar, ainda, os ecos da Revolução Francesa e seus ideais. O lema agora parece ser o contrário. Tudo é proibido. Sem querer percorrer um trajeto imenso e legítimo que pode me convencer que tais ideais revolucionários jamais tenham sido de fato alcançados, a frase de contestação ressoada em canções e gritos da juventude indignada sempre representou uma esperança aos que ambicionavam o fortalecimento, o que me parece legítimo, de uma sociedade mais livre, igualitária de fraterna. Na medida das coisas, é também na própria discussão da fundação do estado moderno, democrático e baseado nas leis que o lema “é proibido proibir” pareceu sempre atuar. A esse novo modelo de Estado, e suas instituições, sempre coube o papel de conduzir o debate entre as diferentes idéias e interpretações sobre diferentes questões, inclusive sobre o que é mesmo liberdade e, entre o Estado e os desejos, posicionou-se o indivíduo moderno. Nesse cabo de guerra, que tem o indivíduo como a corda, ainda não houve vencedor. Ora os “desejos ilimitados” desancoram do estado e carregam o indivíduo com eles, ora a máquina do estado recolhe o cabo como se fosse linha de pipa de papel de seda e lá se vai novamente o indivíduo. O que deveria equilibrar as forças seriam as instituições ligadas ao Estado ou ao mundo dos desejos que viabilizassem à sociedade instrumentos de análise e ao indivíduo uma melhor apreciação dos diferentes interesses em torno de seus desejos. As universidades, centros de pesquisa, imprensa livre, institutos de análises estatísticas, sindicatos, entidades de representação patronal, confederações esportivas e os próprios poderes estabelecidos, legislativo, judiciário e executivo; Deveriam zelar por este equilíbrio, mas é mais fácil dizer: - Não pode! - É proibido! – Não está no regimento! É inconstitucional! – Não vamos tolerar isso!
Antes que o real motivo que me trouxe ao blog se vá...
Duas Coisinhas que intrigam um indivíduo exausto de ser esticado de lá pra cá:
Na universidade que leciono a UEG, o burocratismo tomou conta. E quando isso toma conta de uma instituição de ensino e pesquisa como uma universidade, nada é possível, sinônimo de é tudo proibido. Não por falta de vontade e de boas propostas, mas a máquina pesada e imensa nem enxerga o problema de suas engrenagens. Multicamp o que deveria ser um orgulho do Estado e de seus cidadãos, a UEG presa na burocracia e emperrada na falta de autonomia das suas unidades parece atolada e mesmo quando se movimenta um pouquinho segue em movimentos circulares. Todo ano tudo novo e tudo igual, só que pior. Mais papel e menos investimento. É isso que gera seu pior problema: o compadrio e o carguismo. A Burocracia na UEG além de gerar essas distorções que permitem que mais de 60% de seus professores lecionem com contratos temporários, só amplia o debate sobre o compadrio e gera mais descrédito e mais papel para justificar o injustificável. Enquanto isso os que querem contribuir, repensar velhos paradigmas inclusive da própria gestão da Universidade ficam presos no mundo do nada pode.
O Brasil, conhecido como país do futebol, está recheado de estádios de futebol, uns bons outros ruins, de acordo com a realidade financeira dos times que ocupam esses espaços. De fato, no quesito estádio de futebol, aqueles que gostam de ir ao jogo no campo não recebem um tratamento adequado e muitas vezes sofrem em filas imensas e com ingressos caros. Isso tudo nós sabemos. Temos muito que avançar nisso. Mas considero legítimo o interesse do Brasil em sediar uma Copa do Mundo. Afinal, quer se queira ou não, o futebol é elemento de nossa identidade e faz parte do cotidiano de nossa sociedade. O que me intriga é como a FIFA e sua contraparte CBF permitiram um Flamengo e Vasco no Maracanã todo o domingo e agora proíbem o estádio para Copa do Mundo. Situação estendida a todos os outros estádios que também não servem. Estão todos vetados. Gastar bilhões em estádios pode! Juro que não entendi porque pode gastar-se milhões de reais para um Suécia X Austrália qualquer, pode jogar Flamengo X Vasco de qualquer jeito e não pode explicar essa contradição. Lisura é um mínimo que se deve exigir para se acelerar os investimentos nessa área sem a devida inserção dos clubes que irão utilizar e gerir esses estádios , e não dizer: - Esse estádio não pode servir a Copa do Mundo! Tem muita grana envolvida nisso nos próximos anos.
Os exemplos são diferentes embora o caso seja o mesmo. Vamos alimentar o monstro da burocracia que tem muitas boquinhas.